Best-seller que defende o fim do bloqueio que a sociedade impõe à
satisfação do prazer, reunindo três ensaios nos quais Roberto Freire
destila suas pesquisas e reflexões sobre Psicologia e Política. Segundo
Freire, Sem tesão não há solução influenciou a introdução do uso da
palavra tesão, com seu atual significado, no português falado no Brasil.
Usada apenas para descrever excitação sexual, após o lançamento e as
sucessivas edições do livro, a palavra deixou de ser chula e ganhou
todas as faixas etárias e camadas sociais, literatura, rádio e TV, foi
publicada em revistas e jornais. E sempre com o sentido que Freire lhe
deu: paixão por algo que desperte prazer, beleza e alegria.
fonte: http://www.somaterapia.com.br/
Sobre o catolicismo, a psicanálise e o tesão
"Na cultura ocidental contemporânea existem duas correntes de
pensamento trágico que nós, homens que optamos pela ludicidade de viver,
devemos denunciar e combater: o
Catolicismo e a Psicanálise. O Catolicismo centra sua ação catequética e
sua liturgia na perseguição, tortura, desespero e morte de Jesus Cristo,
impondo como simbologia principal o filho de Deus crucificado, assassinado.
Nada mais trágico, mais triste, menos belo. Porém, a atração e fascínio que
exerce, deve ocorrer por conta de uma forma de prazer sadomasoquista, próprio
da fé cristã. Inclusive, a beleza
mórbida e repugnante que alguns crucifixos podem possuir, não disfarça sua
função mórbida e cruel de fazer os fiéis sentirem, ao contemplá-los, dor, culpa
e remorso.
Nascida do pensamento de um homem genial, mas profundamente
pessimista, triste, amargo e ressentido, a
Psicanálise reflete as características da história da religião e da raça
judaica no mundo. Sigmund Freud era um homem que, segundo seu discípulo
Wilhelm Reich, permitia-se pouca convivência com o prazer, com a beleza e com a
alegria lúdicos da existência comum, o que provam suas obras principais.
Afirmar a existência, no homem, de um instinto de morte, é supor ser a morte um
mal, algo destrutivo e não simplesmente a ausência, o fim da vida. A sua
afirmação de que a morte é uma entidade equivalente à da vida, parece coisa
mais de sua formação religiosa que da científica, pois ela sujeita o homem aos
poderes políticos (via religião ou via ciência) para ser exorcizado do mal
inerente à sua natureza imperfeita. Isso os torna incompetentes e perigosos
para a vida social, sem proteção, tutela e controle permanentes. Enfim,
dependência, resultante da suposição de sua incapacidade natural para a
autonomia e a autodeterminação.
Vivendo em sistemas políticos autoritários, aos quais tanto
religião como ciência estão ligados, associados e dependentes, a visão trágica
da existência é um dos suportes ideológicos mais poderosos e úteis para a sua
manutenção. Assim, por exemplo, a análise infinita e inútil do complexo de
Édipo. Para mim, não passa de um exercício de poder, tentativa de sujeição ao
poder do pai, bem como ao do analista. Édipo, personagem da tragédia grega, que
arranca os próprios olhos como punição para aliviar o sentimento de culpa por
ter transado sexualmente com uma mulher que desconhecia ser sua mãe, mostra
claramente como Freud, ao adotá-lo para simbolizar o complexo por ele
descoberto, necessitava do sentimento trágico da existência para justificar a
crença de que a vida lúdica dos homens estará inexoravelmente sujeita ao
controle e punição por parte dos poderes autoritários e deuses antropomórficos,
criados e utilizados por seus representantes na Terra.
Estou querendo concluir que a religião judaica e a cristã, bem
como tudo aquilo que a elas está ligado, direta ou indiretamente, como a
Psicanálise, por exemplo, representam o antitesão. Porque essas coisas existem
apenas para combater e impedir o viver natural lúdico, e, sobretudo, o
relativismo existencial que chamamos de liberdade. O tesão, assim, tanto o de
fundo inconsciente (individual e coletivo na pessoa) quanto o consciente, é a
principal arma que dispomos para lutar contra todas as tentativas de nos imporem
as dependências, as limitações e as culpas que impedem as mutações existenciais
e culturais, que fazem do homem um ser revolucionário."
Roberto Freire
Roberto Freire
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