João Luís de Almeida Machado é Doutor
em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário
e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte –
Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).
Precisamos aprender com urgência
“Ao votar,
a primeira recomendação é ter calma. Eleição é assunto sério, o voto é
um ato de cidadania importante e precisa ser muito bem pensado,
analisado. Além do mais, votar não é apenas escolher um candidato,
colocar o voto na urna e pronto, acabou. Quando você vota, escolhe
alguém que, se eleito, deverá representar todos os seus eleitores”.
(Herbert de Souza, o Betinho, no prefácio do livro “Como não ser
enganado nas eleições).
Há certas
histórias relacionadas aos períodos eleitorais no Brasil que parecem
apenas parte do anedotário nacional. Casos como aqueles dos eleitores
que trocavam botas por seus votos e que recebiam um dos pés desse
calçado antes do voto e o outro depois de consumada a sua escolha (em
prol do candidato que o havia corrompido), são muito mais do que simples
piadas, são questões muito sérias, que merecem um cuidadoso exame e
criteriosas formas de educar os eleitores para evitar que isso volte a
acontecer.
O jornalista
Gilberto Dimenstein teve a felicidade de pensar a respeito do tema e, há
alguns anos atrás, reuniu algumas personalidades de destaque da área
cultural para produzir um precioso livro destinado a estudantes. O
título desse livro não podia ser mais direto e objetivo, trata-se da
obra “Como não ser enganado nas eleições”, publicado pela Editora Ática,
com o apoio do grupo Folha Educação e da Associação de Escolas
Particulares.
Entre os
colaboradores dessa publicação estão jornalistas e articulistas como
Carlos Heitor Cony, Elio Gaspari e Boris Casoy, os sociólogos Bolívar
Lamounier e Herbert de Souza (o Betinho, já falecido) ou ainda o
publicitário Washington Olivetto, entre outros. Pelos nomes e pela
repercussão dos trabalhos e obras de cada um deles (inclusive do próprio
Dimenstein), dá para ter uma idéia da seriedade desse trabalho.
“Você sabe
que um candidato é mentiroso e tenta enganá-lo quando:- 1- Tem soluções
para todos os problemas e, pior, tentar provar que há recursos e que é
possível resolvê-los todos se for eleito; 2- Diz que vai realizar mais
obras e prestar mais serviços (aumentar mais as despesas) e, ao mesmo
tempo, afirma que vai reduzir os impostos, ou mesmo que não vai
aumentá-los; 3- Gasta mais tempo em criticar os adversários e as
propostas deles do que na defesa de suas próprias idéias”. (Ronald
Kuntz, especialista em Marketing Político, em artigo constante do livro
“Como não ser enganado nas eleições”; seu artigo tem 16 orientações
sobre políticos mentirosos e informações importantes para o eleitor
entender e analisar imagens e atitudes desses mesmos políticos).
Isso é inclusive
muito importante para que tenhamos sempre em mente que eleição é
assunto muito sério e que exige responsabilidade da parte de cada
eleitor ao depositar seu voto na urna (ou, atualizando, ao clicar
referendando o nome de um candidato ou de uma legenda política nas
modernas urnas eletrônicas).
Outro dado muito
importante refere-se ao fato do livro ter sido editado em 1994,
portanto há dez anos atrás e, apesar dos avanços percebidos na área,
continuar sendo um documento atualizado, que se presta a informar os
novos eleitores dos meandros e desvios existentes na política
brasileira.
Histórias como
aquela contada no início desse artigo, em que nos referíamos a uma
prática relacionada à República Velha, no tempo em que os Barões do Café
controlavam o país, dentro do ciclo do Café com Leite, continuam
ocorrendo. O pior de tudo é constatar que não são casos isolados e não
se restringem apenas a pequenos municípios, de regiões isoladas, onde os
índices de analfabetismo são altos. Também não estão limitados a
bairros periféricos das grandes cidades, onde o desemprego e os baixos
salários poderiam contribuir para que os eleitores se sentissem
compelidos a barganhar o seu voto em troca de favores materiais.
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Sugestão de leitura da biblioteca Comunitária da Ponte Grande |